O documentário Nas Curvas da Estrada passa avante pelos caminhos e horizontes de três mulheres do sul que trabalham pelas estradas no Brasil. Sem nome na tela, o trajeto que fazemos é do cotidiano e das várias formas de condução de suas histórias. Aqui, as personagens são reveladas aos poucos: com planos de suas mãos e seus rostos, e suas falas, que compartilham conosco suas narrativas.
Ivone Rocateli (Loine), Soraya Teles (Preta) e Maria Zanatta escolheram a estrada como companheira de trabalho, Loine na direção do ônibus escolar, Preta conduzindo o caminhão e Maria no volante do seu táxi. Já Viviane Mayumi assume a direção deste documentário, juntamente com outras mulheres na equipe para realizar a obra. A visão que temos, captada por Kike Kreuger, é convidativa, pontual e esplendorosa. A escolha por elas sempre dirigindo em cena é a melhor condução para os trajetos do filme.
Os desafios que vemos pela frente e deixamos para trás, os relatos de liberdade e força, são paradas comuns entre as três, e a montagem, feita por Lara Koer, nos proporciona essa conversa. Vemos a expansão da vida diante do vidro do automóvel e da câmera. Seja numa corrida, entrega, ou até mesmo em um aceno pela janela, as pessoas, paisagens e vivências passam pelo retrovisor, o que também podemos chamar de passado. O amor em comum entre as três é o mesmo e liga as trajetórias de todas.
Por ser um curta-metragem, imagina-se o que não deve ter entrado para a montagem final, e que outras histórias elas contariam caso pegássemos carona com uma das três.
Ao final, vemos o que elas também contemplam: não apenas o passado em imagens espelhadas no retrovisor, mas também o futuro no horizonte à frente, sinal de que as condutoras estão seguindo adiante.